quarta-feira, 22 de junho de 2011

Comunicado - 19 de Junho

Distribuído e lido na assembleia popular que se realizou no final da manifestação internacional do 19 de Junho.

«Como participantes activos na "Mobilização Internacional de 15 de Maio - Movimento Democracia Verdadeira Já!" não podemos deixar de nos expressar quanto ao rumo que alguns acontecimentos têm tomado:

Não reconhecemos a existência de cúpulas e chefias pela própria natureza deste movimento cívico e apartidário, o que se prende com a relevância que se pretende,  da intervenção cívica e não das dinâmicas de organização ou de promoção de rostos e vozes que nela se empenhem. Lembramos que a natureza da assembleia é que seja ela a dominar a estrutura e não que a estrutura domine a assembleia...

Frisamos que este é um movimento social transversal, um espaço onde se discute democraticamente e com abertura, todas as opiniões sobre democracia. A procura de alternativas à organização política, económica  e social vigente é um caminho de procura e descoberta, ou mesmo de criação, que nos  cabe a todos fazer, sem excepção. Este não é um movimento exclusivo dos que votam, ou à esquerda, ou à direita,  dos que não votam, dos que votam intermitentemente... este movimento é de todos e só com todos se conseguirá uma discussão empenhada de alternativas.

O movimento Democracia Verdadeira Já! continuará a lutar para escapar à tentativa de controlo de facções partidárias identificadas. Afirmamos que a força do movimento está nos que genuinamente não se vêem representados num sistema político de falsa democracia e pretendem um debate intelectualmente sério sobre o assunto; aproveitamentos partidários são indesejáveis para que o movimento cresça. Acreditamos que a voz crítica é uma forma de resistência e de enriquecimento colectivo para quem vê que a única alternativa possível é a mudança.

Apelamos a todos, sem excepção, que intervenham e recuperem o que é seu: o direito a fazer ouvir a sua voz, a participar nos processos de reflexão e de decisão, construindo aquilo que só a mobilização e intervenção cívica em massa pode fazer. Não abdicaremos, não renunciaremos, não desistiremos. Temos tempo, não temos medo e somos muitos...  Juntos, temos mais força, e faremos ouvir a nossa voz sem restrições.

Aguardem-nos, que estamos em movimento...
A Rua é Nossa!»


ENCONTRO "Democracia verdadeira, já!":
26 de Junho, 17h, Largo do Camões
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4 comentários:

  1. Caros companheiros,

    Acho mal estarem a tentar erguer um novo movimento com base numa contestação a outro movimento que, pode não corresponder ao que vocês desejam, mas sempre esteve aberto à vossa participação. Podem pretender à posteriori fazer uma limpeza histórica, mas se alguma coisa se passou foi vocês terem abandonado o Rossio, frustrados com funcionamentos de assembleias e propostas que não contribuiram para melhorar.

    Enfim, oxalá consigam. Mas pf deixem-se de divisionismos porque é disso mesmo que vive o sistema que contestam. E ao fazerem-no receio que estejam a ser seus peões.

    ps. Gostaria de saber de antemão o que fariam a elementos mais partidarizados se eles aparecesse em maior número do que vocês. Criariam outro movimento mais puro? ditariam vocês enquanto minoria as regras do jogo? não há muitas soluções e as que existem estão a ser experimentadas no movimento que vocês próprios abandonaram. Enfim, força nisso. Se crescer como em Espanha não terão desses problemas. Se não, ficarão com outro Rossio nas mãos, dividir-se-ão de novo e continuarão a ser agentes do sistema (por negligência)...Espero que se acontecer o segundo, tenham pelo menos a dignidade de descer o chiado e ajudar no trabalho de grupo que por sectarismo abandonaram...

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  2. Que entender por "democracia verdadeira"?
    Que valores éticos são defendidos?
    A competição que domina o nosso sistema económico-social-político e jurídico, implica a concentração da riqueza em poucas mãos, o monopólio e preços de monopólio, crises de super produção, pobreza e exclusão social.
    Que solução apresentam para acabar com a "competição" inerente ao sistema sócio económico das nossas sociedades.
    E quanto aos seres vivos sencientes não humanos, que propõem para a defesa dos seus direitos?
    E sobre o equilíbrio ecológico que propõem?

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  3. N.,

    É difícil entender um comentário que se nos dirige com um amistoso "caros companheiros" e que depois está tão cheio de presunções erradas e mordidelas traiçoeiras.

    Vejamos. Como diz logo no início do texto, não pretendemos criar nenhum movimento novo

    «Como participantes activos na "Mobilização Internacional de 15 de Maio - Movimento Democracia Verdadeira Já!"

    Da mesma forma que não consideramos que quando a acampada do Rossio foi criada se estivesse a criar um novo movimento à parte do que existia. É que caso o N. não saiba, o movimento já existia desde o 15 de Maio, data em que houve uma manifestação internacional lançada no nosso país a partir deste blog. Trata-se de abrir novas frentes na luta social, tentar dar um fôlego ao que esmorecia a olhos vistos, e no processo corrigir os erros cometidos anteriormente.

    Por outro lado, rejeito qualquer tentativa de posse quer do nome, quer do local, quer de formas de manifestação, dentro do movimento DVJ. Acho perturbador que tendo ainda tão pouca gente e visibilidade, apareçam já estas disputas territoriais neste movimento social.

    Penso que terá havido frustração em algumas pessoas ao verem as assembleias passarem de 500 para 30 pessoas em tão pouco tempo. Espero que não fique agora o N. frustrado por ver as assembleias multiplicarem-se e, esperemos, mais pessoas a intervirem no movimento.

    Por fim, e pela enésima vez, ninguém quer impedir a participação de militantes partidários. É sobre o quê exactamente o post script do teu comentário?


    Cumprimentos,
    Luis Ferreira

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  4. Caro Manuel Alves,

    Não somos um partido político nem temos pretensões a governar. Não temos de ter um programa completo, nem resposta a todas as perguntas. Não somos um grupo homogéneo que fala a uma só voz, ou pelo menos pela voz de um líder, que como deve saber, não existe. Não temos tempo de existência, nem estrutura suficiente para podermos elaborar sobre todos os importantes assuntos que levanta. Como há-de compreender multiplicam-se as ideias, propostas, soluções, sugestões, dentro de um movimento tão heterogéneo. O que nos une inicialmente é a rejeição do que temos e o sentimento que as coisas não estão bem e que precisam mudar. Não nos sentimos representados por este sistema político, achamos que a sociedade está a caminhar cada vez mais para uma mercantilização total que é quanto a nós inaceitável.
    Pessoalmente penso que as questões que levanta devem ser motivo de debate dentro do movimento, de forma que esse debate possa levar ao esclarecimento e a uma luta comum. Lanço-lhe então o repto de participar nesse debate, de dar a sua contribuição, quer presencialmente ou através da Internet. Este é um movimento aberto e que vive da participação de pessoas como nós.

    Cumprimentos,
    Luis Ferreira

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